Por Clarice Couto — colaboração para VivaBem / Adaptação: SUCOS BR News

Quem costuma comprar suco integral certamente percebeu mudanças nas prateleiras e geladeiras dos supermercados nos últimos meses. A variedade de marcas diminuiu, os preços subiram e até rótulos conhecidos, como o da marca Do Bem, ficaram temporariamente ausentes do varejo.

Após uma década de crescimento médio superior a 10% ao ano, a indústria de bebidas 100% naturais — produzidas exclusivamente com o suco da fruta — enfrentou uma tormenta em 2024, cujos impactos ainda se fazem sentir em 2025.


🌱 Um ano desafiador para o setor

O principal fator que desencadeou essa crise foi a menor produção de laranja em pelo menos 15 anos, durante a safra 2024/25, encerrada em maio. A baixa produtividade fez o preço da fruta duplicar, elevando os custos tanto para as indústrias quanto para o consumidor final.

A combinação de clima seco e altas temperaturas na primavera de 2023 prejudicou os pomares e reduziu o número de frutos colhidos. A situação se agravou com o avanço do greening, doença bacteriana sem cura que causa o definhamento das árvores e a queda precoce dos frutos. O impacto também atingiu a produção de uva e maçã, fundamentais para os fabricantes de sucos integrais.

“Foi um ano muito complicado para todas as frutas”, afirmou Paulo Pratinha, presidente do Conselho de Administração da Sucos BR.
“A seca afetou a produção de laranja, uva, manga e caju, elevando os preços dos sucos no Brasil e no exterior”, completou o executivo.


📉 Produção reduzida e aumento de custos

Tanto a produção de laranja quanto a de uva — que representam mais de 90% dos sucos integrais comercializados no país — caíram cerca de 25% na safra 2024/25 em relação à anterior. Segundo o Fundecitrus, foram colhidas 230,9 milhões de caixas de laranja, bem abaixo das 307 milhões do ciclo anterior. Já o IBGE registrou uma queda de 24% na colheita de uvas no Rio Grande do Sul, principal região produtora.

O cenário ainda foi agravado pela elevação da carga tributária em São Paulo, com o fim do benefício fiscal que reduzia o ICMS de 18% para 3%. A medida aumentou em até quatro vezes o imposto para as indústrias, segundo Pratinha, encarecendo o produto final.


🌎 Fatores internacionais também pressionaram os preços

No exterior, a queda de 30% na produção de laranja da Flórida (EUA) fez disparar o preço internacional do suco de laranja concentrado. Com o dólar valorizado e os preços externos atrativos, algumas empresas brasileiras priorizaram as exportações, reduzindo a oferta interna e contribuindo para a alta de preços no varejo.

“A indústria absorveu parte da alta e repassou cerca de 40% ao consumidor final”, explicou Rafael Ivanisk Oliveira, CEO da Natural One, associada da Sucos BR.


💰 Queda nas vendas e perspectiva de recuperação

O consumo de sucos integrais caiu 25% em 2024, chegando a 260 milhões de litros — frente aos 350 milhões do ano anterior. Mesmo assim, há sinais de recuperação. A Sucos BR projeta crescimento de 15% em 2025, com expectativa de safras mais favoráveis e preços mais equilibrados.

As empresas do setor também vêm investindo em novos produtos e reposicionamento de marca. A Natural One aposta em sucos funcionais e versões de baixa caloria; a Tropical (controladora da Do Bem e Tial) reposicionou suas marcas no segmento “premium”; e a Prat’s projeta ampliar sua capacidade produtiva até 2027.


🍇 Perspectiva otimista para o consumo no Brasil

Segundo estimativas da Sucos BR, o brasileiro consome, em média, 6 litros de suco de laranja integral por ano, sendo apenas 1 litro industrializado — enquanto nos Estados Unidos essa média chega a 11 litros.

Com a retomada das safras e o aumento da conscientização sobre alimentação saudável, a expectativa é de que o consumo de sucos 100% naturais cresça novamente cerca de 10% entre 2025 e 2026.

“A busca por saudabilidade é um caminho sem volta”, afirmou Oliveira, da Natural One.


🧭 Conclusão

O setor de sucos integrais enfrenta desafios significativos, mas demonstra resiliência e potencial de expansão. A SUCOS BR segue representando e apoiando as empresas associadas na missão de fortalecer a cadeia produtiva, defender a competitividade da indústria e levar o melhor da fruta brasileira ao consumidor — dentro e fora do país.


📚 Fonte original:
Reportagem “Cadê o suco integral? Por que oferta da bebida ficou mais escassa e cara”, publicada no portal UOL Economia | VivaBem em 03/11/2025.

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